Pesquisas da Epagri com compostagem trazem soluções para agroindústrias

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Revolvimento automatizado foi a solução encontrada para compostagem de grandes volumes de resíduos

Transformar resíduos orgânicos em adubos da maneira mais eficiente e econômica é uma das linhas de pesquisa da Epagri. Visando uma agricultura sustentável, pesquisadores da Estação Experimental de Itajaí buscam métodos para evitar desperdício no processo de produção de alimentos. O objetivo é transformar o rejeito em adubo barato e de excelente qualidade para o homem do campo e da cidade.

O pesquisador da Epagri Rafael Cantú conta que o composto pode ser utilizado em cultivos orgânicos, hortaliças, frutíferas e plantas ornamentais. “Os compostos orgânicos, além de adubos, são excelentes condicionadores de solo, ou seja, melhoram aspectos físicos, químicos e biológicos do solo. Em uma agricultura que utiliza adubos químicos, os compostos podem ser misturados a esses adubos porque melhoram a qualidade do solo e a eficiência do adubo químico”, explica Cantú.

Como exemplo, ele cita que se a adubação do canteiro for feita exclusivamente com o composto, cerca de 3,5 mil quilos do material são suficientes para plantar entre 1,5 a 2 mil pés de tomate. Para alface, com essa quantidade de composto, é possível plantar entre 4 e 5 mil pés.

Os cuidados básicos que devem ser tomados na produção do composto são a proporção entre resíduos animais e vegetais, a adição de água e a aeração do material. Esses três fatores interferem na vida dos microrganismos que farão a decomposição do material.

Aeração do material

O revolvimento é essencial para a aeração do composto

O revolvimento é a maneira de realizar a aeração e pode ser feito de maneira manual. Mas para economizar mão de obra, os pesquisadores recomendam o uso de ar forçado para adicionar oxigênio à pilha de material. A compostagem é montada sobre canos com orifícios por onde sai o ar que é forçado por um compressor.

Outra estratégia que a Epagri vem desenvolvendo é um sistema de compostagem automatizado. Esse método é utilizado para volumes maiores de resíduos, como os gerados por agroindústrias e associações de agricultores que beneficiam produtos agropecuários. Nesse caso não é utilizado o revolvimento manual, tampouco injetado ar forçado – é uma máquina que revolve todo o volume de forma uniforme. Esse maquinário foi inicialmente desenhado para dejetos líquidos suínos e a Epagri adaptou o processo para resíduos agropecuários.

Uso de ar forçado substitui o revolvimento manual

De problema a solução

A agroindústria do palmito gera renda e qualidade de vida a muitos agricultores de Santa Catarina, porém, também gera um volume grande de material descartado. A pesquisa da Epagri transformou esse problema em solução. O composto feito a partir dos restos desse sistema produtivo é um excelente material e se presta muito bem para adubação de hortaliças, até mesmo para a produção de mudas de palmeiras. A palmeira é adubada com seu próprio resíduo, fechando assim o ciclo produtivo.

Outro trabalho com resultado positivo é a compostagem de resíduos de coco da praia, que é um problema em Santa Catarina. Toda a água de coco que é consumida no verão gera um grande volume de cascas que, se é destinado corretamente, compromete a capacidade dos caminhões de coleta e dos aterros sanitários. Esse composto também apresentou ótimos resultados, principalmente como condicionante de solo, isto é, na melhoria de aspectos químicos, físicos e biológicos do solo.

Economia e sustentabilidade

Buscando qualificar ainda mais os trabalhos com compostagem, a Epagri está desenvolvendo um sistema de monitoramento dos teores de oxigênio e umidade. A empresa utiliza um sensor de umidade por TDR, uma das melhores tecnologias que o mercado apresenta para medir umidade de solo, de materiais vegetais e de compostos. Outro equipamento utilizado é o oxímetro, que mede a concentração de oxigênio dentro da pilha de compostagem.

Esses equipamentos permitem que sejam identificados o momento certo e a quantidade exata do revolvimento e da adição de água no composto, evitando desperdícios de mão de obra, energia elétrica e água, e ainda acelerando o processo. O composto produzido é estável e livre de contaminação microbiológica.

Para mais detalhes sobre as pesquisas da Epagri com compostagem, entre em contato com o pesquisador Rafael Cantú, da Estação Experimental da Epagri de Itajaí, pelo e-mail rrcantu@epagri.sc.gov.br.

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