Oficinas de bonsai capacitam mais de 500 pessoas no Oeste catarinense

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Cuidar de uma árvore nativa demanda dedicação. Quando esse cultivo pode ser feito em vaso, traz a proximidade de cuidar de uma planta dentro de casa, observando de perto todas as demandas necessárias para ela crescer e se desenvolver. Foi pensando nisso que técnicos do Consórcio Iberê e Rafael Sabião, pesquisador em fruticultura da Epagri/Cepaf, iniciaram o projeto de oficinas de bonsai. 

Alunos dos ensinos fundamental e médio foram capacitados por Rafael (à direita) (Fotos: Divulgação Consórcio Iberê)

“A parceria firmada entre o Consórcio Iberê e a Epagri/Cepaf está rendendo frutos, quase que literalmente, nas instituições de educação básica e especial nos municípios da região Oeste”, comemora Rafael. Segundo ele, a proposta atendeu 575 pessoas nos últimos dois anos e vai realizar mais 20 práticas ao longo de 2024, sempre no Oeste do Estado. 

As práticas planejadas para este ano acontecem nos municípios de Cordilheira Alta, Caxambu do Sul, Planalto Alegre, Guatambu e Águas de Chapecó, em março, em comemoração ao Dia Mundial da Água, em junho para marcar o Dia do Meio Ambiente e em setembro, nas comemorações ao Dia da Árvore. A atividade é voltada para professores e alunos das instituições de ensino, Apaes e grupo de idosos, dos municípios atendidos pelo Consórcio.

Desde 2022 foram realizadas diversas oficinas nas instituições educacionais dos municípios de Caxambu do Sul, Planalto Alegre e São Carlos, atendendo funcionários, professores e alunos dos ensinos fundamental e médio. Também foram atendidos alunos entre 17 e 60 anos de idade da Apae. 

Prática interligada às disciplinas escolares

O pesquisador da Epagri explica que o bonsai é uma técnica de cultivar árvores em miniatura, em vasos ou bandejas, por meio de podas de galhos, folhas e raízes, mantendo equilíbrio da forma natural da árvore ou alterada pelas diferentes condições ambientais. O projeto de oficinas de bonsai surgiu de uma conversa entre ele e as técnicas do Consórcio Iberê, a engenheira-agrônoma Geciane Jordani e a bióloga Kellen Cassaro, como uma ferramenta didática de educação ambiental. 

Rafael avalia que, para tornar-se uma ferramenta de educação, o ambientalismo precisa ser desenvolvido com a prática interligada às disciplinas escolares e às atitudes diárias das pessoas. “Portanto, para que seja eficaz, a educação ambiental deve desenvolver, de maneira simultânea, os conhecimentos, as atividades e as habilidades necessárias, para que as pessoas envolvidas possam compreender e desencadear atitudes que alterem os comportamentos”, analisa.

Rafael entende que o ambientalismo precisa estar interligado às disciplinas escolares

Neste sentido, as práticas das oficinas de bonsai retomam vários assuntos de disciplinas da grade pedagógica dos alunos, passando por ciências, biologia, geografia, química, física e matemática. O assunto bonsai é abordado resgatando informações aprendidas na escola, tais como a fotossíntese e a necessidade de luz, água e nutrientes pelas plantas; divisão celular; decomposição orgânica e ciclagem de nutrientes; relevo; ciclo da água, do carbono e do nitrogênio; composição e formação do solo; hormônios vegetais; osmose; salinidade; efeito alavanca; e geometria.

Com resultado geral, o projeto espera que estudantes e grupos de idosos sejam sensibilizados e motivados para a importância da preservação de espécies nativas, os tratos culturais necessários, além de conhecerem a importância das mesmas para a ciclagem de resíduos orgânicos, manutenção das fontes de água e conservação da fauna e flora.

Como fazer

Rafael explica que as oficinas iniciam com o material necessário separado e organizado: muda, vaso, tela, substrato, fertilizantes, pedras, tesouras, arame e palito. 

Muda, vaso, e tesouras estão entre os materiais necessários

A muda pode ser obtida por sementes, galhos e raízes. O vaso possibilita o crescimento das raízes em um espaço pequeno e pode ter diferentes formas e tamanhos. O substrato é o solo que vai sustentar a planta e precisa armazenar água e fertilizantes. O tamanho de grãos do substrato deve permitir uma boa porosidade, evitando encharcamentos.

Rafael explica que a água é muito importante no cultivo de bonsais. “Por estar em um vaso pequeno, a planta vai exigir água diariamente em dias quentes e intercalando os dias quando estiver mais fresco”, ensina o pesquisador. 

As podas têm objetivo de dar forma ao bonsai e manter o equilíbrio entre folhas e raízes, evitando também o enovelamento de raízes. Deve ser feita preferencialmente na primavera e verão.

Atuação do Consórcio

O plantio de árvores nativas sempre fez parte do roteiro de ações do Consórcio Iberê, tendo como objetivo a conservação da água, do solo, da fauna e da flora. Neste sentido, o Consórcio Iberê vem propondo ações que buscam incentivar a preservação e o cuidado com o meio ambiente de forma lúdica e que proporcionem o cuidado com a conservação de maneira mais próxima ao indivíduo. Desta forma, associar exemplos significativos com os princípios teóricos, de maneira lógica e agradável para o entendimento, através de ações práticas, pode contribuir para melhoria da qualidade de vida. É isso que as oficinas de bonsai buscam promover. 

As oficinas são apoiadas pelas secretarias municipais de Educação e Agricultura, com patrocínio das mudas de árvores pelo Sicoob MaxiCrédito, através do Projeto Mudar.

Informações e entrevistas
Rafael Sabião, pesquisador em fruticultura da Epagri/Cepaf
(49) 20497560 / rafaelsabiao@epagri.sc.gov.br

Informações para a imprensa
Isabela Schwengber, assessora de comunicação/Epagri
(48) 3665-5407/99167-3902.