Queijo artesanal serrano recebe IG Campos de Cima da Serra

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A IG representa reconhecimento das especificidades da região e vai beneficiar os mais de dois mil produtores

A região produtora de queijo artesanal serrano, que engloba 18 municípios catarinenses e em 16 do Rio Grande do Sul, obteve reconhecimento da Indicação Geográfica (IG), o que representa uma conquista para o território. No dia 3 de março o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) publicou a concessão da IG “Campos de Cima da Serra” na modalidade Denominação de Origem (DO) para o produto. Esta é a primeira IG nessa modalidade para queijos nacionais e a segunda IG interestadual do Brasil.

A IG representa reconhecimento das especificidades da região e a valorização dessas características únicas vai beneficiar os mais de dois mil produtores do queijo serrano nos dois estados do Sul. Ela foi concedida em nome da Federação das Associações de Produtores de Queijo Artesanal Serrano de SC e RS (Faproqas), entidade na qual os agricultores estão organizados. Para essa conquista foi fundamental a assessoria técnica da Epagri e da Emater/RS prestada há mais de 10 anos, com apoio subsidiado pelo convênio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Para a conquista da IG foi fundamental a assessoria técnica da Epagri. Foto: Aires Mariga

Ulisses de Arruda Córdova, gerente da Estação Experimental de Lages (EEL) e coordenador do grupo de trabalho para obtenção da IG, destaca que a Epagri coordenou o trabalho a campo para levantamento de dados, organização e assistência aos produtores; para a sistematização, organização de dossiê e estudos, e para a delimitação geográfica envolvendo os dois estados. Esse trabalho envolveu equipes da pesquisa da EEL e da Epagri/Ciram, e equipes de extensão rural de Lages e de São Joaquim.

Para a coordenadora do projeto Queijo Artesanal Serrano, extensionista de Lages Andréia Meira, o impacto da Indicação Geográfica ultrapassa o econômico. “A região Serrana de Santa Catarina apresenta um dos menores índices de desenvolvimento humano (IDH) do Estado, e esse dado é ainda mais agravante no meio rural. A venda do queijo artesanal serrano é a principal fonte de renda de propriedades familiares e é esse recurso que vem mantendo a permanência das famílias no campo. Assim, aliada à legalização desse produto e ao fortalecimento da cadeia produtiva, a IG pode ser um diferencial para a qualidade de vida, a preservação ambiental e a valorização histórica e cultural que caracteriza o modo de ser e de viver do povo serrano”, diz ela.

Com a concessão da IG, Andréia visualiza novos desafios para o grupo, como a organização da entidade gestora e do conselho regulador que envolve os dois estados e a implantação do caderno de normas. “É fundamental ainda o fortalecimento da cadeia produtiva, pois a maior parte dos produtores é de pecuaristas familiares que vivem da renda da produção. O investimento para legalização das unidades e a dificuldade para aumento da produção são obstáculos presentes na região. O governo do Estado, sob a coordenação da Epagri, apoiou a construção de 28 queijarias pelo programa SC Rural com investimentos acima de 700 mil reais. As ações de capacitação e a organização dos produtores do queijo serrano continuam, com o objetivo de informar e organizar os produtores envolvidos”, salienta a extensionista.

Queijo artesanal serrano

Foto: Aires Mariga

A história do queijo artesanal serrano remonta a 1730, com o início do tropeirismo em Santa Catarina e o surgimento das primeiras propriedades rurais na Serra Catarinense. O produto reúne características únicas e o saber-fazer que atravessou o Atlântico com os portugueses.

Mais de duas mil famílias produzem esse queijo nos estados de SC e RS, que comercializam mais de 1,6 mil toneladas por ano e obtêm um faturamento bruto de cerca de 21 milhões. A produção ocorre em propriedades que se dedicam à pecuária de corte, com métodos tradicionais, mão de obra familiar e reduzido padrão tecnológico.

O queijo é feito com leite de vacas de raças de corte ou mista alimentadas basicamente com pastagens nativas e tem maior percentual de gordura.  A textura amanteigada, o aroma e o sabor que se acentuam com a maturação são algumas características que diferenciam esse queijo dos demais artesanais do Brasil. Para ser queijo artesanal serrano, ele precisa ser produzido na região à qual pertence. Isso porque, além dos fatores culturais, humanos e históricos envolvidos, o clima, o solo, a altitude e a vegetação também contribuem para dar ao queijo um sabor único. Outro fator que diferencia o produto é o processo produtivo, que se caracteriza por um saber-fazer que está sendo transmitido de geração a geração por mais de dois séculos. 

Indicação Geográfica

A IG é um sinal constituído por nome geográfico (ou seu gentílico) que indica a origem geográfica de um produto ou serviço. Apenas os produtores e prestadores de serviços estabelecidos no respectivo território (geralmente organizados em entidades representativas) podem usar a IG.

Informações e entrevistas:

– Ulisses de Arruda Córdova, gerente da Estação Experimental de Lages (EEL) e coordenador do grupo de trabalho para obtenção da IG: (49) 3289-6438 / 99914-2580

Andréia Meira, coordenadora do projeto Queijo Artesanal Serrano: (49) 3289-6426

Quer saber mais sobre a história e o saber-fazer do queijo artesanal serrano? Confira a seguir uma reportagem da nossa equipe de TV:

Informações para a imprensa

Gisele Dias, jornalista: (48) 99989-2992 / 3665-5147

Cinthia Andruchak Freitas, jornalista: (48) 36655344

Isabela Schwengber, jornalista: (48) 3665-5407