Como comprar ração para peixes: confira 9 dicas da Epagri

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Na produção comercial de peixes a alimentação é um ponto chave para o sucesso, já que os custos com arraçoamento representam em torno de 70% do custo de produção total. Por isso, os cuidados com o manejo alimentar já iniciam no momento da compra das rações. Veja aqui quais os detalhes em que o piscicultor deve prestar atenção ao receber os sacos de ração na propriedade.

Santa Catarina é um dos grandes produtores de tilápia do país e tem na base do arraçoamento a grande fonte de nutrição para os peixes. Pensando nisso, o Centro de Pesquisa em Aquicultura e Pesca (Cedap) da Epagri desenvolveu o documento Monocultivo de tilápia em viveiros escavados em Santa Catarina. É com base nesse documento que o extensionista rural da Epagri de Rio Negrinho, Vitor Mendes Lehmkuhl, traz informações relevantes para que o piscicultor verifique a qualidade da ração que está adquirindo.

A publicação Monocultivo de tilápia em viveiros escavados em Santa Catarina está disponível para livre download

“Garantir a qualidade do produto adquirido pelo piscicultor é essencial, pois o uso de uma ração que não obedece aos parâmetros mínimos exigidos pode gerar prejuízo e muita dor de cabeça aos produtores. A deterioração da matéria orgânica presente na ração pode gerar uma piora na qualidade da água e uma conversão alimentar não desejada para seus peixes. O resultado é baixa produtividade” – afirma o extensionista. Assim que a ração chega na propriedade é recomendado que o piscicultor faça a amostragem de pelo menos 3 sacos do total para tirar deles pequenas amostras para realizar os testes. Em uma grande unidade de produção, onde são adquiridos um grande número de pacotes de ração, o ideal é fazer a amostragem de 0,5% do total de pacotes.

1 – Conferência da nota fiscal

O primeiro passo é a simples conferência da nota fiscal. Na recepção, observar se o que está sendo entregue na propriedade corresponde àquilo que foi encomendado. Verificar se os números de sacos estão corretos, se a porcentagem de proteína descrita na nota está de acordo com o que foi solicitado, se é a mesma marca que foi encomendada, entre outras informações que constem na nota.

2 – Condições da embalagem

Nesse momento o produtor pode fazer uma verificação no acondicionamento das rações. Verificar como foi feito o transporte da ração, se esse produto veio bem armazenado e, principalmente, se a embalagem apresenta alguma umidade. Um saco úmido, que tenha tido contato com água ou com umidade, pode acarretar na deterioração da ração, trazendo prejuízos à piscicultura.

O saco de ração que chega na propriedade deve apresentar essas características: estar fechado, lacrado, completamente íntegro, sem nenhum rasgo que possa representar o ataque de um roedor ou inseto.

3 – Informações do rótulo

O produtor deve verificar se as informações estão claras na embalagem do produto. Deve verificar se a ração adquirida é recomendada para a espécie que ele solicitou, se o teor de proteína é o escolhido, e se a granulometria dos péletes está de acordo com o pedido. Observar se o rótulo das especificações traz todos os ingredientes de formulação da ração e verificar os níveis de garantia oferecidos pelo fornecedor.

4 – Pesagem do produto

O produtor deve conferir o peso do saco descrito na nota fiscal. Observar se a informação que está contida no rótulo corresponde de fato ao peso do produto.

O piscicultor deve conferir se o peso da ração está de acordo com o descrito no rótulo.

5 – Análise visual da embalagem

O produtor deve abrir a embalagem e fazer a análise visual e de odor. Observar se não há nenhum corpo estranho no saco de ração, se não há nenhum sintoma de bolor ou esverdeamento, ou ainda, se tem algum cheiro característico de um produto deteriorado.

6 – Análise visual do pélete

Assim que o pacote estiver aberto, o produtor pode então fazer uma análise visual dos péletes. Uma característica indesejada nas rações para peixe é a presença de ingredientes mal moídos. Isso pode ser constatado se, observando um pélete, conseguimos identificar algum ingrediente, como pedaços de milho, por exemplo, em destaque da composição homogênea do pélete. O ideal é que não se consiga fazer essa distinção.

Mas o produtor não precisa ficar preocupado se encontrar alguns péletes com essa característica. Isso só se torna um problema quando a maioria dos péletes apresentam ingredientes mal moídos, pois isso pode prejudicar a digestibilidade dos peixes.

A granulometria correta da ração para peixes é uma característica muito importante na piscicultura.

7 – Tamanho do pélete

Outro ponto que o produtor precisa ficar atento é em relação ao tamanho do pélete. Verificar se confere com a informação descrita no rótulo. Com o auxílio de um paquímetro ou de uma régua graduada, pode-se fazer a conferência. Ao fazer a análise de uma pequena amostra, estipula-se que, para que esse produto seja considerado de boa qualidade, apenas 30% dos péletes podem estar fora do parâmetro informado na embalagem.

8 – Teste de flutuabilidade

A flutuabilidade é uma característica muito importante para o produtor de tilápia. Essa espécie tem o hábito alimentar na superfície, portanto a ração precisa flutuar por um determinado período pra garantir assim que o peixe tenha a oportunidade de se alimentar. O teste para a verificação deste parâmetro se dá em dois momentos:

Flutuabilidade inicial: em um balde com água, adicionar 200 péletes de ração, e instantaneamente verificar quantos péletes afundaram. Para a garantia da boa qualidade da ração, no máximo 0,5% dos péletes (2 péletes) poderão afundar.

Flutuabilidade em 10 minutos: o produtor pode realizar o mesmo teste citado acima, porém, por 10 minutos. Nesse caso, menos de 3% dos péletes poderão afundar. Entre 200 péletes, se 7 péletes ou mais afundarem, a ração não apresenta flutuabilidade adequada.

O teste de flutuabilidade é muito importante, principalmente para criadores de tilápias

9 – Estabilidade da ração

E por fim, o último parâmetro a ser analisado: a estabilidade da ração. Com a ração seca, o produtor deve fazer um pequeno manejo e observar se o produto solta o que chamamos de “fino”, que é uma poeira, um farelo. É importante que a ração não solte muito esse material, pois além do peixe não se alimentar dele, essa matéria orgânica vai ser dispersa na água, comprometendo a qualidade química dela.

Vitor lembra que até o momento da recepção na propriedade, a qualidade da ração é de inteira responsabilidade do fornecedor. E que peixes com uma boa nutrição vão apresentar um bom desempenho zootécnico na fazenda de criação.

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