Epagri conclui nova etapa de estudo sobre a qualidade da água do rio Camboriú

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A Epagri avançou na segunda fase da modelagem hidrodinâmica de alta definição do estuário do rio Camboriú, dentro de uma pesquisa que busca avaliar a qualidade da água e seus efeitos nos cultivos de moluscos da região. O objetivo desta etapa é simular a dispersão de contaminantes microbiológicos dentro do estuário do rio Camboriú e da sua enseada. Na fase anterior, foi realizada a modelagem hidrodinâmica.

As cores representam o aumento da concentração de coliformes termotolerantes na água

“A modelagem de dispersão de contaminantes microbiológicos permite saber para onde a contaminação microbiológica proveniente das sub-bacias é dispersada pela água e quais são as sub-bacias que mais contribuem para cada trecho do estuário e da enseada”, explica Luis H. P. Garbossa, pesquisador do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de SC (Epagri/Ciram).

As cores na figura divulgada pelos pesquisadores representam o aumento da concentração de coliformes termotolerantes na água. Os valores são apresentados em escala logarítmica como Número Mais Provável a cada 100 mililitros.

“Nesta etapa, o objetivo é conseguir que o modelo represente bem a dispersão da contaminação microbiológica da água. Iremos usar computadores para calcular como essa dispersão ocorreu ao longo de um ano para comparar os resultados calculados com as 240 amostras coletadas em campo. Esses cálculos são complexos e exigem que computadores potentes trabalhem durante mais de 200 horas”, acrescenta o pesquisador.

Histórico

240 mostras de água foram coletadas no estuário e no mar da região

A primeira etapa dessa pesquisa iniciou em 2018, quando pesquisadores da Epagri coletaram, a cada 15 dias, 10 amostras da água do estuário e do mar da região. O trabalho, encerrado em maio de 2019, resultou na coleta de 240 amostras nas quais foram examinadas as concentrações de Coliformes Termotolerantes e E. Coli. Essas amostras são um retrato das condições do estuário em diferentes estações do ano, períodos de chuvas intensas e de estiagem, no início da subida e da descida da maré, entre outras. A segunda fase, de modelagem hidrodinâmica e estatística, iniciou com a organização desses dados coletados em campo e de outros obtidos com outras instituições referentes aos últimos três anos.

Tomada de decisões

A modelagem hidrodinâmica permite criar cenários confiáveis para apoiar a tomada de decisões. Com esse modelo, os especialistas são capazes de avaliar o risco de contaminação das áreas de cultivo de moluscos da região. “Podemos responder a perguntas como: se a poluição aumentar, o que acontece no estuário? Se chover muito, até onde a poluição vai se espalhar? Se aumentar o lançamento de esgoto no verão, os cultivos de moluscos estarão comprometidos? Em quais sub-bacias é preciso atuar para reduzir a contaminação em um determinado trecho do estuário?”, exemplifica Garbossa.

Características únicas

 A região do Rio Camboriú, onde se destacam as atividades de turismo, aquicultura e navegação, é de especial interesse para estudos ambientais devido às suas características. “O estuário do rio Camboriú está sob influência de bacias hidrográficas com área agrícola, assim como ocupação urbana muito adensada e ainda apresenta áreas próximas extremamente preservadas. A variação de população entre o inverno e o verão devido ao turismo também permite acessar situações muito singulares. É um local único para estudos ambientais em que se pretende levar em consideração as mais diversas formas de ação antrópica de forma integrada”, detalha o pesquisador Luis Garbossa.

A região do Rio Camboriú, onde se destacam as atividades de turismo, aquicultura e navegação, é um local único para estudos ambientais

O projeto “Estudo da qualidade de água do estuário do rio Camboriú sob influência antrópica e seus efeitos no cultivo de moluscos” foi financiado pelo CNPq. Os próximos passos serão executar mais de 200 horas de simulação para validação dos modelos para contaminação por microrganismos. A conclusão do estudo está prevista para este ano, com a publicação de artigos científicos.

Informações e entrevistas Luis Hamilton Pospissil Garbossa, pesquisador da Epagri/Ciram, pelo fone (48) 3665-5162 – (48) 9626-7999.