Coronavírus em SC: governo desenvolve Sistema de Informações Geográficas para tomar decisões mais precisas

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Sistema cruza informações como vulnerabilidade da população, número de leitos, vagas em cemitérios e situação de contágio do sistema prisional

O governo do Estado reuniu um grupo de especialistas que criou um Sistema de Informações Geográficas (SIG) para apoiar a tomada de decisões durante a crise da pandemia. Na prática, trata-se de um conjunto de mapas, acessados on-line, que cruzam informações fundamentais, como a vulnerabilidade da população à Covid-19, o número de leitos e outros equipamentos hospitalares, a quantidade de vagas em cemitérios e a localização de crematórios, bem como a situação de contágio do sistema prisional pelo Estado.

A ferramenta foi criada por um grupo de trabalho criado pelo Comitê Gestor de Inteligência de Dados para o enfrentamento da Covid-19. O grupo reúne especialistas da Epagri, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Sustentável (SDE), do Núcleo de Inovação, Estudos Territoriais e Tecnologias Aplicadas (NIETTA), do Corpo de Bombeiros, do Ciasc, da UFSC e da Social Good Brasil. A Secretaria de Estado da Administração é a responsável pela operação do Sistema.

A primeira versão do SIG já está operacional e sendo usada pelas Secretarias da Saúde e do Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Defesa Civil, Vigilância Sanitária e outras entidades governamentais catarinenses que demandem as informações. O acesso é restrito ao governo, já que o sistema contém dados individualizados que são legalmente sigilosos.

Luiz Fernando de Novaes Vianna, pesquisador da Epagri envolvido no projeto, explica que o Sistema está em constante atualização. Ele conta que, em breve, será lançada a segunda versão, que vai incorporar os resultados dos modelos epidemiológicos e permitir avaliar a tendência de expansão ou contenção da pandemia em Santa Catarina.

Vianna esclarece que com base no SIG é possível tomar decisões até no processo de evolução do isolamento dos catarinenses. “O detalhamento das informações geradas permite que o governo adote medidas mais precisas por regiões, municípios e até por bairros do Estado”, descreve o pesquisador da Epagri.

O Sistema é dinâmico. Os dados de acompanhamento dos casos são gerados diariamente pela Secretaria de Saúde. A evolução dos sintomas entre os cidadão é coletada em tempo real através do sistema de triagem on-line (http://triagem.coronavirus.sc.gov.br/). O Ciasc é responsável por gerenciar uma base multi-institucional que também recebe dados dos hospitais, centros de saúde, cemitérios e crematórios. Esses dados são georreferenciados e podem ser visualizados sobre bases cartográficas, imagens de satélites e sobre os mapas de vulnerabilidade e rede de influência das cidades (REGIC).

Vulnerabilidade

O passo inicial para a construção do sistema foi o mapa de vulnerabilidade desenvolvido pela equipe. Para definir o índice de vulnerabilidade dos catarinenses à Covid-19, os técnicos levam em conta três medidas: faixa etária com maior probabilidade de internação e taxa mais alta de mortalidade decorrente da doença, renda da população e densidade demográfica.

Para fazer o corte da faixa etária, foi considerada a população com mais de 45 anos, que inclui tanto os que estão mais expostos à contaminação quanto os casos em que a doença é mais letal. Já no aspecto renda, foi definida como mais vulnerável a população que recebe menos de três salários mínimos, refletindo a dificuldade de adoção de ações que reduzam a exposição ao vírus, como o distanciamento social. Essa também é a faixa populacional que mais necessitará do sistema público de saúde. Por fim, a escolha da densidade demográfica para integrar o índice justifica-se pelo fato de que áreas mais densamente povoadas são mais vulneráveis à propagação de doenças contagiosas.

De acordo com Vianna, as áreas indicadas como mais vulneráveis no índice coincidem com aquelas onde foram confirmados os maiores números de casos de Covid-19 nos primeiros 40 dias da epidemia em Santa Catarina, demonstrando que o índice é um bom preditor para a tendência de avanço da doença. Os setores com índice de vulnerabilidade alto e muito alto estão localizados nos principais aglomerados urbanos do Estado, como a Grande Florianópolis, Itajaí/Balneário Camboriú, Blumenau, Joinville, Criciúma, Lages e Chapecó.

Ao incluir a variável densidade populacional, o índice de vulnerabilidade também considera o fluxo de pessoas entre essas regiões e mesmo no interior delas. Nos grandes centros e entre eles, há um maior fluxo de pessoas, mercadorias e serviços, o que tende a acelerar a velocidade de disseminação da doença. Esse trabalho de análise das conexões e redes de fluxos entre cidades está sendo coordenado pelo Núcleo de Inovação, Estudos Territoriais e Tecnologias Aplicadas (NIETTA), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a Fundação Oswaldo Cruz. A base do trabalho é o estudo Regiões de Influência das Cidades (REGIC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Informações e entrevistas
Thobias Leôncio Furlanetti, Coordenador de Geoinformação da SDE, pelo fone (48) 98421-2593
Luiz Fernando de Novaes Vianna, pesquisador da Epagri, pelo fone (48) 99116-9766

Informações para a imprensa
Gisele Dias, jornalista, pelo fone (48) 99989-2992