Noz-pecã: catarinenses apontam vantagens de investir na cultura

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Noz-pecã
Produção comercial de noz-pecã desperta em Santa Catarina (Foto: Renata Vieira/Epagri)

A produção de noz-pecã está ganhando força em Santa Catarina. Já são cerca de 80 produtores com 175 hectares plantados no Oeste e no Extremo Oeste e mais 133 hectares em 50 propriedades no Alto Vale do Itajaí. O crescimento se justifica por uma série de vantagens, especialmente pela alta rentabilidade em comparação com outras atividades agrícolas.

Em um pomar comercial com 100 plantas por hectare, com manejo correto, é possível alcançar colheita de 2 toneladas por hectare a cada ano. Considerando que o preço de venda para as indústrias fica em torno de R$12 o quilo da noz de boa qualidade, cada hectare pode render R$24 mil. Nas feiras, o quilo varia entre R$15 e R$20, e a noz orgânica pode render entre R$25 e R$30 para o produtor.

Mas para lucrar com a noz-pecã é preciso ter paciência. Dependendo das variedades plantadas, realizando cuidados de solo, poda e manejo adequados, as plantas podem começar a produzir entre o terceiro e o sexto ano. O pico das colheitas ocorre por volta dos 15 anos e o período produtivo pode se estender por até 60 anos. “Se o pecanicultor fizer a lição de casa, consegue recuperar o investimento em oito ou dez anos”, estima o engenheiro-agrônomo Glauco Lindner, da Epagri de Rio do Sul. O custo para implantar um hectare de pomar varia entre R$8 e R$10 mil.

Outra vantagem é a compatibilidade com outras atividades agrícolas. “Nos primeiros anos do plantio, é possível consorciar a noz-pecã com cultivos anuais, como grãos, hortaliças, raízes e tubérculos. Depois, a atividade pode ser conduzida com a pecuária”, diz Glauco. Além de fornecer mais uma renda na área de pastagem, as árvores fazem sombra para os animais.

Noz-pecã
Pomar de noz-pecã pode ser consorciado com a criação de animais (Foto: Heloisa de Oliveira)

Como produzir

A planta exige tratos culturais durante todo o desenvolvimento, e alguns cuidados são importantes para que a atividade seja economicamente viável. Eles começam na escolha de variedades resistentes a pragas e doenças, na implantação do pomar e na fase de formação das plantas. Também é preciso fazer controle periódico de formigas cortadeiras. “Alguns produtores plantam e esquecem a área, então acabam não tendo o retorno esperado. O manejo é simples, mas precisa ser feito”, orienta o engenheiro-agrônomo Thiago Marchi, da Epagri de Lajeado Grande.

O produtor deve realizar poda e condução das mudas em líder central nos primeiros anos e controlar as plantas espontâneas ao redor das nogueiras. Cuidar do solo – com adubação orgânica, plantas de cobertura e muita palhada ao redor das mudas – estimula o desenvolvimento das árvores.

Com o manejo certo, a cultura tem se adaptado no Oeste Catarinense e no Alto Vale do Itajaí. Por ser uma planta de clima temperado, ela perde as folhas no inverno e precisa de um número determinado de horas de frio para retomar o crescimento. A colheita vai de abril a junho, de acordo com as características de cada variedade.

O extensionista Glauco, que é um entusiasta da cultura e tem 5 hectares de cultivo orgânico, pondera que ainda é preciso aprender bastante sobre a produção de noz-pecã em Santa Catarina. “Há poucos estudos sobre o cultivo no Brasil e quase nenhuma informação sobre nosso estado. As principais referências estão no Rio Grande do Sul, que é o principal produtor brasileiro. Em Santa Catarina temos algumas certezas e diversos desafios pela frente”, diz. Mas se depender do empenho e da união dos produtores, a noz-pecã voltou para ficar.

Os produtores catarinenses comercializam o fruto em suas regiões ou fornecem para indústrias gaúchas. Mas até onde o mercado pode absorver o crescimento dessa produção ainda é uma incógnita. “O mercado é bom, mas tem muito a ser aberto. Também é preciso vencer a barreira da concorrência da noz chilena, que entra no Brasil com preço menor, mas tem qualidade inferior”, diz Glauco Lindner, da Epagri.

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