Agroindústria de processamento de lambaris aponta uma alternativa de renda aos piscicultores catarinenses.

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A produção de lambari é um mercado promissor em Santa Catarina. O peixe frito é muito apreciado em bares e restaurantes durante a temporada de verão. Conheça como funciona a agroindústria que produz lambaris empanados, prontos para serem fritos.

A família Spessatto, de Camboriú, investiu em uma agroindústria inovadora. Elano e Michele processam lambaris. E são nos meses mais quentes do ano que a produção é mais intensa. Nessa época a agroindústria chega a preparar 100 kg de lambari por dia. “Eu já vinha do ramo do peixe. Trabalhei 10 anos com reprodução de peixes ornamentais, sempre assistido pelo pessoal da Epagri. E em 2014 eu resolvi investir nessa nova atividade” – conta Elano.

O peixe é despescado, colocado no gelo, transportado em caixas de isopor e levados até a agroindústria. Antes de dar início ao processamento, o médico veterinário da prefeitura analisa se o lote está em bom estado. Então os peixes são lavados e escamados para que, em seguida, entrem para a sala de evisceração. O lote segue para sala de empanamento, onde depois de empanados os peixes são congelados na câmara fria. Dentro de 6 horas, os peixes estão prontos para serem embalados e comercializados na região.

Para viabilizar o projeto, a família Spessatto contou com o recurso do Fundo de Desenvolvimento Rural. Através do FDR, a Secretaria de Agricultura do Estado de Santa Catarina concede financiamento para aumentar a rentabilidade, inovação, organização dos produtores e apoio a legalidade produtiva. O recurso é disponibilizado para financiamento sem juros, a serem pagos em até 5 anos. “Essa política pública é de suma importância para um negocio pequeno. Sem esse apoio ficaria muito difícil colocarmos a agroindústria para rodar. A gente já vem se esforçando pra abrir mercado, e a parte financeira é sempre a parte mais difícil. Não teria condições de ter colocado essa câmara fria se não fosse esse FDR” – relata Elano.

A família contou com a assistência técnica da Epagri desde o projeto da planta baixa, até a concepção de equipamentos, como a máquina que eviscera o lambari, que foi uma parceria com uma empresa que tinha interesse em desenvolver esse tipo de máquina. “A Epagri trabalhou também com o processo de legalização atrelado a rotulagem correta, ao processo ideal do fluxograma da planta baixa, onde os órgãos de fiscalização colaboraram com esse projeto. Isso contribuiu para que o Elano colocasse seu produto no mercado de maneira segura para o consumidor, agregando muito mais valor do que simplesmente se ele fosse vender esse produto para isca ou para mercados que fosse comprar o peixe dele vivo” – explica Henrique Rett, extensionista rural da Epagri.

A produção de lambari no estado enfrenta alguns desafios, como a falta de bibliografia específica. Com o objetivo de disponibilizar mais informações técnicas aos piscicultores, a Epagri está desenvolvendo um boletim didático com o passo a passo da produção desse peixe. Além disso, os pesquisadores estão se dedicando a uma pesquisa que promete unir a produção de lambari ao cultivo de arroz, a chamada rizipiscicultura.

O assistente de pesquisa da Epagri, Silvano Garcia, explica como essa técnica funciona: “o lambari tem o ciclo de vida do tamanho do ciclo de vida do arroz. Existem estudos para se cultivar tilápia junto com arroz, mas o ciclo de vida da tilápia é maior. Aí tínhamos um problema de manejo. O lambari não, ele é introduzido na lavoura depois dos tratos culturais e é tirado 15 dias após a colheita do arroz. Ainda estamos trabalhando nessa linha de pesquisa, em breve teremos resultados.”

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